"Um menino queria se encontrar com Deus. Como sabia que tinha um longo caminho pela frente, encheu sua mochila com pastéis e guaraná e começou sua caminhada. Quando andou umas três quadras, encontrou um velhinho sentado em um banco da praça., alimentando os pássaros. O menino sentou-se junto dele, abriu sua mochila, tirou o guaraná, o pastel e ia comer, quando olhou para o velhinho e ofereceu-lhe sua merenda. Tinha o suficiente para os dois. O velhinho, muito agradecido, aceitou e sorriu. Seu sorriso era tão incrível que o menino quis ver de novo e ofereceu-lhe seu guaraná. Mais uma vez o velhinho sorriu. O menino estava muito feliz! Ficaram ali sentados, comendo pastel e bebendo guaraná pelo resto da tarde, sem falar um com o outro. Quando começou a escurecer, o menino resolveu voltar para casa, mas antes de sair, deu um grande abraço no velhinho. Chegando em casa, muito feliz, disse a mãe: "Passei a tarde com Deus. Ele tem o mais lindo sorriso que alguém jamais viu." Enquanto isso, o velhinho chegou em sua casa radiante e disse ao seu filho: "Comi pastéis e tomei guaraná no parque com Deus. Você sabe que ele é bem mais jovem do que eu pensava?" Um gesto, um sorriso fizeram surgir entre o velhinho e o menino um sentimento de afeto e um compartilhar. Sintonizados, cada um dava o melhor de si para o outro e recebia de volta um acolhimento generoso - isso é solidariedade. As barreiras do egoísmo ou interesses e vontades individuais inexistiam naquele momento, mágico para os dois. Estavam felizes, encontraram Deus, pois, solidários, deram asas às suas intuições, sentimentos e percepções, redescobrindo valores como amor, respeito, paz, partilhamento, liberdade e harmonia. Caros leitores, o sorriso e outros gestos como cumprimento, um abraço podem abrir as portas para a solidariedade, que é a conquista de uma relação social. Na história, quando o velhinho e o menino se encontraram, não foram necessárias palavras para se entenderem. O belo sorriso do velhinho fez a solidariedade chegar e, daí em diante, com sensibilidade e intuitivamente, passaram a se observar, compreendendo-se, o menino partilhando o seu lanche e recebendo de volta um magnífico sorriso de agradecimento. A integração entre os dois foi tamanha que deixou o garoto à vontade para dar um abraço em seu novo companheiro. Estou certa de que desse encontro ambos ganharam, aprenderam mais, abriram mais seus horizontes e, o mais importante: viveram uma relação ética, espontânea, que os deixou felizes. Essa historinha fala de como um "sorriso" motivou a solidariedade entre duas pessoas. Este tema, a solidariedade, me chama a atenção porque observo o avesso em nossa sociedade. Percebo um individualismo e uma irresponsabilidade social predominando, gerando fragmentação e um esvaziamento ético. Entretanto, a tragédia não é tão imensa, já que muitos, atentos, procuram fazer do exercício da solidariedade um objetivo pessoal e social, acreditando que esse é um dos caminhos de transformação. Acreditam que o amor ético é uma forma de relação social que gera valores e amplia a liberdade humana. Lutam para deixar os clichês e os estereótipos dos artifícios sociais, a postura preconceituosa, que produzem relações sociais pouco verdadeiras. Somos solidários quando partilhamos e desenvolvemos ações em conjunto. Nesse caso, a relação social acontece e, assim, crescemos, nossos horizontes se tornam maiores e mais fortes, reaparecem os valores éticos: amor ético, respeito, justiça, liberdade, paz, amizade, tolerância, generosidade."
(Texto retirado do Jornal Diário da Tarde, de 22 de Maio de 2007, Caderno 2, página 4 - por Maria Lúcia Bicalho de Souza, psicoterapeuta sistêmica e psicodramatista)
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